Contos, causos, poesias, pensamentos...
Data: 19/04/2012
De: MURILO VIDIGAL CARNEIRO
É PARA DAR INVEJA...
A revista "Expedição Cultural," que circulou junto ao jornal "Estado de Minas" no último dia 15, deu como destaque na primeira página:" Conheça vinte imperdíveis monumentos do patrimônio histórico e cultural do Brasil". E para nossa surpresa, e alegria, estava incluído nesta relação o "Museu e Arquivo Histórico" de Catas Altas da Noruega. Olha que neste rol apareciam:Museu de Arte Moderna, Museu Casa de Guimarães Rosa,Cordisburgo-MG)- Mosteiro de São Bento (RJ) e mais 15 entidades culturais. A primeira pessoa que me veio à mente foi o Marcos de Nilo, em Piranga, com a sua luta para a criação de um museu nesta cidade.E ao que parece agora vai sair. Em Calambau, embora a passo de tartaruga, a idéia também está amadurecendo.Espero que em Senhora de Oliveira e em Porto Firme levantem esta bandeira (ou talvez já tenham levantado).Isto dizendo só da Comarca de Piranga.Que as outras cidades da região também tomem como exemplo Catas Altas.Este problema de preservar a memória local não sensibiliza a maioria dos políticos pois para eles "não rende votos".E são poucas as pessoas da comunidade que se interessam pelo assunto.De parabéns ao povo de Catas Altas da Noruega, que está dando a todos nós da região, o exemplo de como preservar a sua memória.No dizer do historiador Pedro Maciel Vidigal: " Fazer história é descobrir e revelar a verdade. Pois a verdade é a alma da história".
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Data: 19/04/2012
De: Murilo Vidigal Carneiro
A Noite D
"Seis de outubro de 1932, meia noite, todos já dormiam há horas na pacata cidade de Porto Firme – MG. De repente, começa um bombardeio ensurdecedor, bombas com os mais variados tipos de poder de destruição balançam a cidade. A população inteira pulou da cama assustada, sem entender nada, e começou a confusão e um corre-corre, cada um por si e Deus por todos.
José Santana e Tatão de Deco, de cueca, partiram correndo até “Passa Dez”, aliás, isto é tema de estudos até hoje, pois os dois venceram oito quilômetros em menos de trinta minutos, com baixa visibilidade.
- Estão invadindo Porto Firme – gritou o dentista prático João de Neco Oliveira - o diabo do Sô Tunico não deixou a menina Mariquinha casar com aquele tenente do exército, agora ele veio buscar a menina com o exército inteiro.
Na correria e nos clarões das explosões, Martinho Santana gritava:
- Sai fora gente, o exército americano veio para invadir Porto Firme! Descobriram que na Mina da Lavra, lá perto da “Biquinha”, tem muita raça de ouro, e no areal, perto da “Árvore Grossa” descobriram material radioativo de alto valor.
Bastião Lourenço, na pressa, pega um arreio coloca nas costas e parte para o lado das “Três Cruzes”; quando o arreio se prende numa cerca de arame, grita:
- Me larga tenente, me larga, pode levar a Mariquinha do Sô Tunico.
O Totonho do bode chegou esbaforido para o pai:
- Pai, sangue fede? Acho que estou ferido.
O Sô Tilico do Monjolo, pai de três meninas, vai para a varanda da casa, de gorro e pijama, com uma espingarda de boca larga nas mãos, daquelas tipo emboaba, e berra:
- Quem entrar aqui eu chumbrego fogo, aqui tem nêgo macho!!!
A espingarda tinha sido carregada, no dia anterior, com pedras, cacos de vidro, pregos e uns dois ou três chumbinhos.
Em dia de bombardeio sempre tem saques, e Totinho da Olaria aproveitou para surrupiar o galo de briga do Sô Juquinha Sacristão. Naquela época, toda casa tinha galinheiro, e as galinhas fizeram tanta bagunça que, mesmo naquela confusão, chamou a atenção do Sô Juquinha que correu para o terreiro dando de cara com Totinho e o galo nas costas:
- Que vergonha Totinho, aproveitando essa situação para roubar meu galo!!?
- Que isso Sô Juquinha!?... Ocê tá ficando doido!?... Que galo?
- Ora, este que está aí nas suas costas!!
- Pelo amor de Deus Sô Juquinha tira isto daqui... tira... tira... eu tenho pavor deste bicho, a bicada dele pode até cegar a gente, uai...
Pela manhã, todos correram para ver a cidade destruída e os possíveis prisioneiros, mas só a ponte que liga o lado de lá com o lado de cá, sobre o rio Piranga, tinha sido bombardeada".
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A verdade do fato: Na revolução de 32, o Décimo Batalhão de Cavalaria de Ouro Preto, vinha para destruir um foco de resistência comandado pelo Dr.Barbosa, com sede em Viçosa e Araponga. O grupo do Dr.Barbosa, resolve então, dinamitar a ponte de Porto Firme, para retardar a chegada do batalhão.
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Transcrito da Revista do CPT-Página: Beirada de Fogão
P.S.:Esta ponte era toda de braúna.Muito bem feita e muito bonita.
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Data: 13/04/2012
De: Murilo Vidigal Carneiro
Coisas de Políticos...
1-Bias Fortes, natural de Barbacena, quando era Governador de Minas, gostava de passar o fim de semana no interior. Certa vez, um seu auxiliar lhe perguntou: -Governador, para onde irá o senhor, nesse final de semana? Ao que ele respondeu: - Estou dizendo para todo o mundo que eu irei para Lafaiete, para eles pensarem que estou indo para Barbacena. Mas, na realidade, estou indo é para Lafaiete mesmo...
2-José Maria de Alkimim, famoso político mineiro, em um comício, dirigiu-se a um rapaz e o abraçou, dizendo-lhe: - Que prazer em vê-lo! E o seu pai está bom? Ao que o rapaz respondeu: - Meu pai morreu há mais de quinze anos... Aí então o Zé Maria retrucou: Morreu para você... mas continua vivo em meu coração...
3- JK em visita a uma cidade do interior, depois de dormir muito tarde, foi acordado de madrugada por uma seresta feita por uma banda. De manhã, na hora do café, perguntaram ao JK:- E aí Presidente, dormiu bem? Resposta de JK:- Na hora que eu ia começar a dormir, apareceu a banda tocando o “Peixe Vivo” e me acordou. Um dia ainda mato este peixe...
Como se sabe, a música “Peixe Vivo” é do folclore de Diamantina, terra de JK. Em Minas, era tocada em toda cidade que ele visitava.
4- Numa “Festa da Cana”, há muito tempo, o Prefeito fazia a abertura da mesma com um belo e longo discurso. Na hora caía uma chuvinha. Em um dado momento, o Prefeito leu: Para mim, é causa de muita alegria estar dando os votos de boas vindas a todos neste...(a palavra escrita era evento, mas estava um pouco apagada).Como o Prefeito não conseguia ler a palavra, foi socorrido por um auxiliar que estava por perto: - Evento, senhor Prefeito, evento! Foi aí que o Prefeito respondeu: - É vento nada, é chuva mesmo!
5- O primeiro economista do mundo foi Cristovão Colombo: quando saiu, não sabia para onde ia; quando chegou, não sabia onde estava. E tudo por conta do governo. (Ronaldo Costa Couto)
6- Um prefeito da região quando estava inaugurando uma praça, disse aos conterrâneos: - a praça é de vocês, advirtam-se!
7- O Zeca Floresta, folclórico vereador de Viçosa , foi também Delegado de Polícia. Certa vez, um criminoso foi se entregar, então o Zeca lhe disse: “Ocê num vem afrontá a otoridade, não; fica lá esperano, que a polícia vai te buscar!” (extraído do livro Viçosa é terna, do escritor José Dionísio Ladeira)
8- Ainda o Zeca: Quando Delegado, estando na rodoviária de Viçosa, resolveu ir ao banheiro e entrou, por engano, no banheiro feminino. Em seguida, veio uma mulher que ao vê-lo, assustou-se e deu um grito. Aí, o Zeca disse prá ela:-não se assuste dona, o bicho é brabo mas tá na mão de otoridade...
9 - Ainda um Prefeito da região: sempre que assinava a folha de pagamento dos funcionários, verificava que um estava ganhando muitas vezes mais que os outros. Um dia, antes de assinar a folha de pagamento, ele solicitou ao tesoureiro que lhe trouxesse o Tota pois ele queria conhecê-lo. - Não existe nenhum Tota aqui, disse o funcionário. - E este aqui que recebe muito mais que os outros? - Não é Tota, senhor Prefeito, este é o total da folha...disse o tesoureiro.
10- De um vereador para o Presidente da Câmara, após constatar que não haveria quorum para a reunião:-Já que reuni, nós num renói, sunga a seção...
Murilo Vidigal Carneiro - abril 2012
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Data: 22/03/2012
De: JR Quintão
LENDA DA FUNDAÇAO DE CALAMBAU
Autor: JR Quintão
Costumeiramente, menos nos dias frios e chuvosos, ao cair
da tarde e quando os penúltimos raios solares escondiam-se
atrás dos montes, o querido Tio Nico, em companhia de buliçosos
sobrinhos, caminhava até a Volta Redonda, última curva da
estrada donde descortina os primeiros casarios do pequeno
arraial. Os sobrinhos, encantados e atentamente, escutavam
as histórias, as lendas e principalmente os casos de assombra-
mentos ali ocorridos, narrados com tamanho poder de persuasão,
que várias crianças corriam, à noite, para o quarto de seus pais,
temerosos dos fantasmas criados pelo contador de histórias.
Numa dessas ocasiões inventou e contou a lenda que deu origem
ao nome do vilarejo, a qual se não é verdadeira é bem provável
que assim o seja, ou como se diz em italiano: “se nom è vero è
bene trovato”.
A caça, a pesca e os frutos comestíveis, escasseavam.
Invocado Tupã (Deus) e exorcizado Nantshome (diabo), o Pgé
Pó-Atú orientou ao cacique Qustote para levantar o acampamen-
to situado na confluência do Uatú-yupu (Rio Doce) com o Uatú-
Bukúkúke (Rio Piracicaba) e transferi-lo para o Uatú-Piranga (Rio
Piranga).
O grande cacique dos índios Botucudos, acatando os
conselhos do velho Pagé, determinou a retirada do seu povo
daquele sítio, dentro de duas Tary-hum (lua nova). A seguir
convocou seis dos melhores caçadores e remadores da tribo para
localizarem no Uatú-Piranga, nascente do Uatú-yupú, um novo
campo de caça, pesca e de árvores frutíferas.
Vencidas as corredeiras e as cachoeiras do Uatú-Piranga, os
índíos batedores, após longa e cansativa viagem, localizaram um
magnífico local, onde, entre montanhas, o rio corria manhosa-
mente num leito de inúmeras e caprichosas curvas, formando
daqui e dali remansos ensobreados por frondosos ingazeiros e
jambeiros.
A rala vegetação que margeava o rio, por várias léguas,
colaboraria sobremaneira na instalação da tribo e principalmente
no deslocamento dos caçadores à busca de suas presas.
Três dos índios batedores permaneceram no sítio escolhido
para melhor reconhecimento do terreno e verificar a inexistência
de tribos hostis, e os outros companheiros regressaram, ao
local de origem, para anunciarem a boa nova e colaborarem no
deslocamento da tribo.
No exato momento em que a “torou qunkek (lua) derramava
por sobre a taba toda a sua luminescência, a formar um belo
contraste com o céu anilado e estrelado, os três recém-chegados,
dispostos no centro da oca principal, com palavras acompanhadas
de exagerados gestos, descreveram toda beleza e fartura do novo
sítio.
À medida que a tribo evoluía na caminhada, em busca de
seus objetivos, os índios alegremente observaram: as acrobacias
dos assustadíssimos macacos; os vôos de variadas aves que
nidificavam nos ramos das gigantescas árvores; bandos de
espertas pacas e gordas capivaras a mergulhar nas verdoengas
águas do rio; enormes cardumes de peixes de várias espécies
a exibir as cores projetadas pelas suas belíssimas escamas,
destacando-se as dos esfomeados dourados, que em pulos
acrobáticos tentavam abocanhar as temerárias borboletas, que,
em vôos rasantes, miravam-se no espelho d`água.
Recebidos por rubra revoada de guarás, aves avermelhadas,
ciconoformes da família dos tresquornitídeos, os índios botocudos
sentiram que eram bem-vindos. Obedecidas as ordens do
cacique Qustote as índias depositaram no chão as “tang”(cesta
de palhas), que até então estavam seguras em suas testas e
apoiadas nos ombros, delas retiram os alimentos, os utensílios e
os filhos menores.
O respeitado Pagé Po-Atú isolou-se do grupo e alcançou um
dos pontos mais elevados do Sitio, onde a tribo alojara-se - Tio
Nico, fez uma pausa, e indicou, aos seus atentos e curiosos
ouvintes, o morro, no qual foi implantado um belo e grande
cruzeiro de madeira.
O Pagé extasiou-se com a beleza descortinada e com muito
sacrifício preparou uma fogueira, acendeu o cachimbo e, após
algumas baforadas, mascou folhas de uma planta alucinógena e
a seguir, com os braços erguidos acima da cabeça, invocou os
espíritos ancestrais. Concluída a oração isotérica, acompanhada
de sons e grunhidos estranhos, apanhou uma porção de terra,
mirou o céu, o vale, e observou com muita atenção as sinuosas
curvas formadas pelo leito do rio. O vento, que até àquele
momento encontrava-se totalmente parado, soprou uma forte
lufada que espalhou o pó espargido pelo Pagé sobre a nova
terra ocupada pelo seu povo. Concluída a pajelança da posse
pronunciou os seguintes dizeres:
Abençoada sítio de Kara e Ambau (lugar onde o mato é ralo
e o rio faz curvas) que tão bem acolheu o meu povo. O nome
que é dado a este local pelos os espíritos de meus antepassados
deverá ser lembrado por todas luas, Maldiçoado seja àquele que
tentar olvidá-lo e/ou muda-lo, porque sobre ele recairá as iras de
Natshone (diabo) e as futuras gerações o vilipendiará. Assim foi
dito e assim será cumprido.
Em 1710 o taubateano João Siquera Afonso, a fim de
prear índios e catar ouro, arribou naquele sítio, onde fundou
uma pequena comunidade e ciente da maldição do Pagé Pó-
Atú, apenas aportuguesou o nome de Kara Ambaua para
CALAMBAU, cujo nome, depois de mais de duzentos anos, por
pura sandice política foi trocado por outro. À despeito do novo
nome oficial que foi impingido, o nome CALAMBAU permanecerá
para sempre no âmbito dos calambauenses autênticos e nos
anais da história portuguesa e brasileira.
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Data: 24/03/2012
De: Jomacan / VRB
Valeu grande artista Quintão! Muito bem fundamentada e criativa .CALAMBAU condiz com tudo isso e muito mais e faz jus ao respeito digno de sua sublime, sagrada e imortal história. Parabéns!abs,Zegalo.
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Data: 26/03/2012
De: Silvério Bastos Cristo
Ótima colocação a respeito do nome original da nossa querida cidade. Porque não aproveitamos as eleições que estão chegando e já fazemos logo um plebiscito e votamos já?
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Data: 29/03/2012
De: Murilo Vidigal Carneiro
Calma Silvério...Este dia chegará, tenha certeza...
No coração dos verdadeiros calambauenses, dos historiadores e dos movimentos culturais da região, ele já chegou! Um abraço.
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Data: 18/04/2012
De: Silvério Bastos Cristo
Caro Murilo, certa vez um amigo perguntou-me de onde eu era. - De Calambau, respondi prontamente. Mas eu ja procurei este nome no mapa e não encontro, isto não existe. -Existe sim, retruquei. Você não vai é encontrar este lugar no mapa e sim no coração dos Calambauenses. Abraços.
Estarei aí nesta quinta. Até lá.
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Data: 27/04/2012
De: Jomacan/VRB
Meu caro Calambauense Silvério, pedindo licença e metendo minha colher de pau na frente do caro primo Muvica, digo-lhe que, o nosso querido e eterno Velho CALAMBAU jamais deixou e deixará de estar presente nos corações de seus verdadeiros e reconhecidos filhos. Somente aqueles tidos como forasteiros incultos e covardes ainda são capazes até os dias atuais de persegui-lo e tentá-lo ofuscá-lo.São dignos de dó pela doença politiqueira e por desvalorizarem injustamente a sua Cultura e o próprio berço.Na realidade estão cada vez mais inseguros e cientes de que estão remando contra a maré.CALAMBAU é relíquia, é memória, tem páginas históricas imortais em Minas, no Brasil e até em Portugual - quem duvidar e quiser mais um pouco que digite seu histórico e original nome na web e pesquise. Um abração Calambauense e até um dia! ZMaria.
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Data: 27/04/2012
De: Jomacan/VRB
Meu caro Calambauense Silvério, pedindo licença e metendo minha colher de pau antes do caro primo Muvica, digo-lhe que, realmente o nosso querido e eterno Velho CALAMBAU, jamais deixou e deixará de estar presente nos corações de seus verdadeiros e reconhecidos filhos.Somente aqueles tido como forasteiros incultos, covardes e contaminados por uma doença politiqueira, ainda continuam radicais e tentam persegui-lo e ofuscar o seu sublime e primitivo nome. São dignos de dó pela injustiça cometida contra à Cultura patrimonial e ao próprio berço. Na realidade são inseguros de seus atos e sabem que remam contra a maré. CALAMBAU é reliquia, é memoria, tem legado e páginas históricas imortais na vasta Minas Gerais, no nosso imenso Brasil e até em Portugal - quem duvidar e quiser um pouco mais que digite seu primitivo e autêntico nome na web e pesquise. Um abracão Calambauense e até um dia! ZMaria.
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