Ser CALAMBAUENSE, é ter berço diferente! É recordar o passado, acreditar no futuro e viver o presente.


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Data: 08/11/2013

De: JCbernardes

Assunto: O RUGIDO DO LEÃO

O Rugido do Leão

Geraldo Nazário era uma pessoa de bem e de boa vontade. Exímio motorista e mecânico autodidata, era o chofer do caminhão da prefeitura no princípio da década de 1950. Gostava de uma branquinha no final do dia, embora não fosse cachacista militante como quer Odorico Paraguaçu. A Dona Zeni o trazia sob rédea curta, bridão apertado, embora sabendo ser de pouca valia.

Lembro-me da bondade, cortesia e dedicação do Geraldo Nazário. Amigo inseparável do Seu Luiz, ainda vejo o seu cabelo em neve, já idoso. Mas, era como motorista do caminhão da prefeitura que vem a mim as mais preciosas lembranças. Altaneiramente lá estava ele ostentando no para-choque do caminhão, e também no alto da boleia, o emblemático dístico: Leão Raivoso. Fazia de tudo ao levar e trazer coisas. As pessoas sabiam a hora exata em que o Leão ia passar por aqueles caminhos e não havia como não levar o saco de fubá, a lenha, o milho, a farinha, o carona, o porco, e muito mais.

De repente, alguém resolveu projetar e construir uma estrada a ligar nada a lugar nenhum, indo da estrada de Senhora de Oliveira, na região da Pimenta, até a ponte do Pau Grande. Diariamente o Leão Raivoso levava e trazia operários para as obras da grande rodovia. Algumas vezes o Lico, o Nola e eu íamos vistoriar e fiscalizar as obras daquela rodovia, e enquanto o Geraldo trocava ideias com os operários nós pulávamos pelos taludes de terra solta a ficar enterrados pelos taludes abaixo. Nada era tão bom como aquilo.

Não me lembro se foi num destes taludes ou em outro barranco qualquer que o Leão Raivoso caiu buraco abaixo, tendo arranhado e amassado parte da boleia. Felizmente ninguém se machucou e os estragos foram pequenos. Trinta dias depois, por um dedicado trabalho do Geraldo e de outros, o caminhão agora novo em folha voltou a circular pelos caminhos da região.

Algo novo também estava no ar. De longe podia-se ler o novo emblema, tanto no para-choque como no alto da boleia: Vamos com Deus.

Novembro/2013



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