Data: 22/03/2012
De: TADEU CARNEIRO PEIXOTO
BALA PERDIDA.
(Poema escrito em 20/06/99)
AULA TERMINADA!
PASTA DEBAIXO DO BRAÇO.
BOLSA NO OMBRO,
DESCE AS ESCADAS
VÊ O PORTÃO,ESTENDE A MÃO.
NÃO CONSEGUE ABRIR; VEM O ESTAMPIDO
UM GRITO,UM GEMIDO...
VENTO DESLOCADO,ELE CAI ESTIRADO
TODO ENSANGUENTADO MOLHANDO O CHÃO.
GRITOS DE ESPANTOS DE REVOLTA E DOR,
CHEGA A PROFESSORA E TAMBÉM O PROFESSOR.
CHEGAM OS COLEGAS,CHORANDO DESCONSOLADOS,
ABREM-SE PORTAS E JANELAS DA VIZINHANÇA
NINGUÉM ACREDITA,DE REPENTE SE CALAM,SOMENTE
LÁGRIMAS QUE FALAM SILENCIOSAMENTE...
LÁ VEM A POLICIA!
SE CHEGASSEM MAIS CEDO,TUDO BEM...
TAMBÉM, NÃO SÃO CULPADOS,É ALGUÉM QUE GRITA.
GANHAM TÃO POUCO E ENFRENTAM A VIOLÊNCIA MALDITA.
NA CALÇADA O CORPO TÃO JOVEM,DA CRIANÇA TÃO LINDA;
ALGUÉM CHEGA CORRENDO,SUA MÃE AFLITA.
OLHA,VÊ,NÃO ACREDITA;GESTICULA,ABRAÇA
AQUELE CORPO FRÁGIL,APERTA-O CONTRA O PEITO.
NÃO ADIANTA,NÃO TEM MAIS JEITO
ESTÁ SEM VIDA. POBRE MÃE!
MAIS UMA VÍTIMA DE UMA BALA PERDIDA.
ATÉ QUANDO? ELA PERGUNTA SEM RESPOSTA.
POBRE VIDA!...
ABRAÇO DO
