Ser CALAMBAUENSE, é ter berço diferente! É recordar o passado, acreditar no futuro e viver o presente.


Contos e causos de Presidente Bernardes

Este espaço foi criado para descobrirmos "tesouros da Literatura" de Presidente Bernardes, pessoas que têm o dom de encantar as outras com suas palavras; palavras na qual embaralhadas umas nas outras tranformam - se em singelas frases, que muitas vezes tocam não só nosso coração mas também nossa mente e que nos faz refletir as maravilhas guardadas nessa cidade maravilhosa.

Aqui você pode escrever, inventar e postar poesias, crônicas, memórias antigas que estão guardadas em sua mente loucas para serem do conhecimento de todos, aqui o espaço é seu...

 

"...Quando alguém encontrar seu caminho, não pode ter medo. Precisa ter coragem suficiente para dar passos errados.

As decepções, as derrotas, o desânimo são as ferramentas que Deus utiliza para mostrar a estrada".
                                                                                                                                          


Contos, causos, poesias, pensamentos...

Data: 20/12/2013

De: JCbernardes

Assunto: A Joia da Coroa

A Joia da Coroa

Para o tropeiro não há local melhor. Tudo à mão. O curral, o pasto, a água, a coberta, a horta e o pomar ao lado, e a faina do tirar leite pela manhã, quando a tropa já está pronta pra partir. A magia de tudo isto é sofisticada e prazerosa. Estar no meio dos tropeiros e participar do preparo de suas refeições é o ponto máximo. Vem à memória a historinha da “Sopa de Pedras”, a sagacidade do tropeiro e a avidez do menino em participar da lida do tropeiro.

A magia é abrangente e cobre tudo.

Ao tirar o leite é hora da desnatadeira Alfa Laval ou do coalho para o queijo. O toque da manivela da desnatadeira é pesado até atingir o movimento adequado de rotação, informado pelo som da campainha. Mas, logo vem a recompensa. Basta abrir a boca debaixo da bica de creme e se deliciar com o mesmo até alguém admoestar: “Para com isto, você vai adoecer”. Que nada! Com o queijo é a mesma coisa: “Para de comer isto...”. Assim, as delícias e guloseimas vão acontecendo. Desde o angu doce até a joia da coroa. É uma longa viagem. Vejamos.

Todo aquele leite vai, ou para a desnatadeira, ou para a forma de queijo, ou para a vasilha grande a ser fervido, reservado e servido. O leite com angu é um rotina de delícias à parte. A broa, o tareco, o biscoito, a rosquinha, o cuscuz, a farinha suada são acompanhantes necessários, entre muitas outras gulodices rotineiras a desaguar na consoada. Aí tudo muda, ou se multiplica ao infinito. De 15 a 25 de dezembro não há mais creme, nem queijo: tudo é leite. Parece que a cidade inteira bate à boa porta pelo leite que é a base de tudo que gira em torno da consoada. Não se fala em outra coisa a não ser doces, bolos, broas, pudins, frutas e doces de frutas, licores e caldas carameladas, açúcar, melado, açúcar mascavo, rapadura. Não há limites.

Todo o dia 24, da manhã à tardinha, lá estou eu a levar e trazer doces, bolos, broas, pudins, frutas, caramelos e mais e mais. É um costume que logo, logo deixará de existir. É interessante essa troca de gentilezas, gostosas gentilezas!

Agora sim, já noite a magia gigantesca vai cobrindo tudo. Entre orações e promessas, cantos e músicas, velas e lamparinas, as gigantescas mesas cobertas de iguarias e doces de todas as cores e espécies se instalam para alegria geral. Não me canso de comer de tudo, tudo. Mas, uma joia resplandece em todas as mesas. Dona Luzia não se cansa de ajeitar seus detalhes. Orgulhosamente sorri quando todos, principalmente eu, “avançam” sobre a joia da coroa: a sopa dourada que ela faz com tanto esmero e carinho.

20.12.2013

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Data: 20/12/2013

De: TADEU CARNEIRO PEIXOTO

Assunto: Boas Vindas!

BOAS VINDAS!...

(Ao amigo DUDÚ MELO,Poeta)


ENQUANTO O TEMPO PASSAVA
DURANTE A VIAGEM QUE FAZIA,PASSAVAM TAMBÉM,
UMAS CENAS MAIS ANTIGAS E SAUDOSAS; E
AS NOTAS EM MÍNIMAS E SEMÍNIMAS
REENCONTRANDO-SE NOS ESPAÇOS DA PAUTA
DE ONDE,NA DANÇA DENTRO DE CADA TEMPO
O RITMO DITAVA AS FRASES,NOS COMPASSOS
MELODICAMENTE SE MISTURANDO...
ENTÃO, COMECEI A ME LEMBRAR DO ARTISTA
LEVADO PELA SAUDADE DOS VELHOS TEMPOS;
O BAR DO HUGO EM POÉTICAS RIMAS
ONDE A PROSA COMPENSAVA A POESIA...
FOI ASSIM,QUE ENTRE ESSAS RIMAS E PROSAS
LANÇADAS NO AR,EM VERSOS,SE MISTURAVAM
A CADA COLCHEIA,FUSAS E SEMI FUSAS
UMA VEZ QUE MÚSICOS E POETAS SE COMPLETAM.
TERMINADA A VIAGEM,FIQUEI PENSANDO:
IGUALAR AS VIRTUDES DE UM MÚSICO SEM
SABER O QUE VEM DENTRO DE SUA ALMA
TEM-SE,QUE COMPARTILHAR COM ELE
A SUA MELODIA,O SEU MODO DE TOCAR,
TODO SEU JEITO DE SER,E PARA ISSO,A
AMIZADE SINCERA,É FUNDAMENTAL...
HOJE,APÓS CHEGAR EM CASA,PENSEI:
TENHO QUE SAUDAR A CHEGADA DESTE MEU
AMIGO MÚSICO E POETA,AINDA MAIS,SABENDO
QUE SE TRANSFORMOU PARA TODOS NÓS,EM MAIS
UM NOBRE CALAMBAUENSE. TOMARA QUE ELE AME,
GOSTE DESTA NOSSA TERRA QUERIDA. ESTOU FALANDO DE
VOCÊ,CARO AMIGO,DE MÚSICAS E POESIAS; DE VOCÊ MAIS
CONHECIDO COMO"DUDÚ" O GRANDE POETA E FLAUTISTA,LÁ DA QUERIDA
E PEQUENINA TOCANTINS!... SEJA MUITO BEM VINDO NOBRE COMPANHEIRO,
ME AGUARDE PARA FUTURAS TOCATAS E SERESTAS NESTA TERRA
POR MIM,TÃO AMADA E CANTADA,EM RIMAS E PROSAS...

SEU AMIGO DE SEMPRE,

TACAPE.

25/11/2013

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Data: 28/11/2013

De: JCBERNARDES

Assunto: Moeda, Dourado e Marinheiro

Moeda, Dourado e Marinheiro

Já era tardinha, crepúsculo. Estávamos, eu e dois companheiros, conversando na
calçada defronte do n. 71 da Rua Goitacazes quando subia pela rua um senhor como
que procurando algum endereço. Fixei o olhar nele e o reconheci. Pedi licença aos
companheiros.

- O senhor me permite? Eu o conheço.
- Opa! Disse ele. Eu não o reconheço.
- Sim, eu sei. Mas eu conheço muito o senhor, e tenho certeza que o senhor também
me conhece.

Desconcertado e surpreso, ele esboça uma saída.

- Eu não me lembro do senhor, é estanho.
- Então eu vou falar três palavras, três nomes, e o senhor recordará de tudo.
Ele deu um passo atrás.

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- Oia moço, que coisa estranha. O senhor tá me deixando nervoso. Que é isso?
- Posso falar as três palavras?
- Pode, uai.
- Moeda, Dourado e Marinheiro!

Ele deu mais um passo para trás. Assustado, abriu os braços.

- Que é isso, moço. Ocê tá brincando comigo!

Um silêncio profundo. Os meus colegas, também assustados, tudo ouvia em
silêncio.

- Oia moço, o senhor me conhece mesmo, mas eu não sei quem o senhor é.

De repente ele explode de alegria.

- Pera aí, o que o senhor é do Seu Luiz?
- Sou filho dele, há muito tempo.
- Meu Deus! Nossa Senhora! Ocê é qual deles?... já sei, ocê é o Zezé, Zé Piaco.
- Sim sou eu.
- Ocê era muito pequeno! E o Seu Luiz, como ele está, e a Dona Luzia? Meu Deus
do Céu, Nossa Senhora! Santíssimo Sacramento! Que alegria, como tá todo mundo?

Depois de notícias alegres e tristes, expliquei aos atônitos colegas.

O meu pai tinha três animais de tropa; uma mula, a Moeda e dois burros, o Dourado
e o Marinheiro. Só ele lidava com os animais, dia e noite, a vida toda. Carregava
milho, capim, lenha, rapadura, banda de porco, tudo. Depois de se apresentar aos
colegas e contar alguns casos, João Carneiro disse-lhes que poderia ficar ali, a noite
toda, contando histórias e mais histórias do tempo em que trabalhava com o Seu
Luiz. Ao se despedir, comentou sobre ele:

- É o melhor homem que eu já conheci na vida. Nunca mais conheci outro igual a
ele. Boa noite.
- Boa noite.

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Data: 15/11/2013

De: Verônica Almeida

Assunto: TERRA BRASIL

Veronica Almeida 14 de novembro de 2013 23:59
Terra Brasil
(Patriótico)

Era só uma terra imensa
do outro lado do mar
mil milhas a navegar
Praias, cascatas, palmeiras
belezas pra admirar

Havia ouro, diziam
Mas se havia, levaram
E os índios que aqui viviam
pouco a pouco dizimaram

E os escravos vieram
em grandes navios negreiros
pra viverem nas senzalas
ou nos troncos nos terreiros

E teve um inconfidente
vítima de uma tramóia
pelas ruas arrastado
como na guerra de tróia

Mas esse gigante menino
Ergueu a espada forte
E nas margens do Ipiranga
Gritou: Independência, ou morte!

Que fosse a morte e de rastros
desse imperador primeiro
pois para cobrir seus gastos
vendeu-nos ao estrangeiro

Mas essa terra Brasil
berço firme, braço forte
Há de se erguer varonil

E para orgulho de seu povo
de oeste, sul, leste e norte
já vemos um Brasil novo

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Data: 13/11/2013

De: JCbernardes

Assunto: ELOS DE AMOR (Júlio Diniz)

Elos de Amor - Amel e Pennor (**)

- Longe, longe daqui, nas costas da Bretanha,
Poético país, que um mar sinistro banha,
Vivia, há muito tempo, um pobre pescador,
Que se chamava Amel, com a mulher Pennor.
Tinham eles um filho, uma criança loura,
Um anjo, que o porvir dos pais inflora e doura;
Ao voltarem a casa, alegres todos três,
Na praia os surpreende a noite de uma vez.
Crescia o mar veloz, medonho, ingente, forte!
Nesse tempo as marés eram vivas. A morte
Sobre as ondas boiava, indómita, cruel!
Olhando para esposa, assim lhe diz Amel:
- “Pennor, vamos morrer! A vaga se aproxima!
Viverás mais do que eu! Ânimo! Sobe acima
Dos ombros meus, mulher. Pousa-te bem. Assim.
E, ao veres-me sumir... ai, lembra-te de mim!”
Pennor obedeceu. Firmando-se na areia,
Desaparece Amel na vaga, que o rodeia.
- “Amel! bradava a esposa; ai, pobre amigo meu!
Qual de nós sofre mais? - tu, que morres, ou eu,
Que te vejo morrer?” - E as águas, que subiam,
O corpo da infeliz no vórtice envolviam.
Olhando para o filho, assim lhe diz a mãe:
- “Filho, vamos morrer! Olha a maré que vem!
Viverás mais do que eu! Vá! filho, vá! Coragem!
Sobe aos meus ombros, sobe! E ao tragar-me a voragem,
Ai, lembra-te de mim e de teu pobre pai!”
E o mar a submergiu. Chora a criança e vai
Pouco a pouco a afundar-se. À flor d’água revolta,
Apenas já flutua a trança loura e solta...
...Uma fada passou sobre o afrontoso mar;
Viu o cabelo louro, em baixo, a flutuar;
Estende a mão piedosa e, segurando a trança,
Com ela atrai a si a pálida criança.
E, sorrindo, dizia: - “Ai, que pesada que és!”
Mas viu cedo a razão; inda segura aos pés
Do filho estremecido, a pobre mãe começa
A erguer também da onda a húmida cabeça.
Sorriu a boa fada, ao ver assim os dois,
E repetiu ainda: - “Ai, que pesados sois!”
É que, após a mulher, seguiu-se o marido
Estreitamente aos pés da terna esposa unido.
Ao vê-lo, inda outra vez a meiga fada riu,
E, leve, para a praia o voo dirigiu.
Com este cacho vivo, esta humana cadeia
Cujos elos o amor piedosamente enleia.
_________________________
(**) Júlio Diniz (1839-1871) em sua doce "Família Inglesa".

(*) O Mundo é uma Criança é um projeto em fase de elaboração por Encontro Espiritual.

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Data: 08/11/2013

De: JCbernardes

Assunto: O RUGIDO DO LEÃO

O Rugido do Leão

Geraldo Nazário era uma pessoa de bem e de boa vontade. Exímio motorista e mecânico autodidata, era o chofer do caminhão da prefeitura no princípio da década de 1950. Gostava de uma branquinha no final do dia, embora não fosse cachacista militante como quer Odorico Paraguaçu. A Dona Zeni o trazia sob rédea curta, bridão apertado, embora sabendo ser de pouca valia.

Lembro-me da bondade, cortesia e dedicação do Geraldo Nazário. Amigo inseparável do Seu Luiz, ainda vejo o seu cabelo em neve, já idoso. Mas, era como motorista do caminhão da prefeitura que vem a mim as mais preciosas lembranças. Altaneiramente lá estava ele ostentando no para-choque do caminhão, e também no alto da boleia, o emblemático dístico: Leão Raivoso. Fazia de tudo ao levar e trazer coisas. As pessoas sabiam a hora exata em que o Leão ia passar por aqueles caminhos e não havia como não levar o saco de fubá, a lenha, o milho, a farinha, o carona, o porco, e muito mais.

De repente, alguém resolveu projetar e construir uma estrada a ligar nada a lugar nenhum, indo da estrada de Senhora de Oliveira, na região da Pimenta, até a ponte do Pau Grande. Diariamente o Leão Raivoso levava e trazia operários para as obras da grande rodovia. Algumas vezes o Lico, o Nola e eu íamos vistoriar e fiscalizar as obras daquela rodovia, e enquanto o Geraldo trocava ideias com os operários nós pulávamos pelos taludes de terra solta a ficar enterrados pelos taludes abaixo. Nada era tão bom como aquilo.

Não me lembro se foi num destes taludes ou em outro barranco qualquer que o Leão Raivoso caiu buraco abaixo, tendo arranhado e amassado parte da boleia. Felizmente ninguém se machucou e os estragos foram pequenos. Trinta dias depois, por um dedicado trabalho do Geraldo e de outros, o caminhão agora novo em folha voltou a circular pelos caminhos da região.

Algo novo também estava no ar. De longe podia-se ler o novo emblema, tanto no para-choque como no alto da boleia: Vamos com Deus.

Novembro/2013



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Data: 06/11/2013

De: GERALDO MAGELA (Brás Pires)

Assunto: Textos do Murilo

Caro Murilo, seus textos são ricos em conteúdo e em arte, explicitando a identidade legítima do distinto povo calambauense, seus sentimentos, tradições e crenças.
Tendo lido o texto sobre o MEMORIAL DOM GROSSI, desejo narrar aqui um fato sobre este piedoso sacerdote, não muito conhecido : lá pela década de 1940, sendo o responsável também pela Paróquia de Brás Pires, regressava um dia à Calambau, por volta das 7 e meia da noite. Chovia. Ao passar na localidade de Ribeirão Encoberto, encontrou um senhor ferido na estrada com um profundo corte a sangrar na cabeça. Era um pobre alcoólatra. Sem passar em mais nada, o Padre Grossi desceu de sua mula e nela colocou o homem ferido; com seu guarda-pó, estancou-lhe parcialmente a hemorragia; retornou a Brás Pires a pé, puxando o animal, apanhando chuva e levando o socorrido ao atendimento do farmacêutico local, Sr. Hortêncio Vilela. Somente na madrugada, pode o sacerdote estar de novo na Casa Paroquial de Calambau. Ou seja : fez exatamente como o Bom Samaritano do Evangelho.

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Data: 06/11/2013

De: Geraldo (Brás Pres)

Assunto: Re:Textos do Murilo

ERRATA :
Onde se lê ". . . um fato sobre este piedoso sacerdote, não muito conhecido . . .", leia-se ". . . um fato não muito conhecido sobre este piedoso sacerdote . . ."

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Data: 07/11/2013

De: Murilo Vidigal Carneiro

Assunto: Re:Textos do Murilo

Oi Geraldo Magela.È um prazer ter este contato com você.Primeiro, por tratar-se de uma pessoa do seu gabarito, cujos artigos no jornal "Uzina de Eventos" eu adorava ler.Sobre o fato narrado por você sobre o Dom Grossi, irá valorizar ainda mais tudo o que nós sabemos sobre ele.Irei arquivar o seu relato, para posteriormente inclui-lo como testemunho das boas ações do nosso querido Bispo.Obrigado pelas referências aos meus modestos textos.Oportunamente quero ter o prazer de conhecê-lo pessoalmente. O meu abraço.

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Data: 11/11/2013

De: Murilo Vidigal Carneiro

Assunto: Re:Re:Textos do Murilo

ERRATA: Onde se lê: Uzina de Eventos, leia:Usina de Eventos.

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